Descobri que estava grávida dia 01/05/2013, depois
de 5 meses de tentativas. Logo contamos pra família e amigos próximos, e, junto
com a felicidade de estar gerando uma vida, veio a necessidade de proporcionar
um nascimento respeitoso pra esse serzinho.
Primeiro, fomos atrás de uma GO humanizado. Graças a uma
amiga que teve seu parto normal hospitalar, eu já tinha saído da Matrix
obstétrica e acabei indo em uma que eu não tinha curtido muito (fui antes de
engravidar), mas era a única opção que meu plano oferecia.
O atendimento à gestante era bom, mas nunca o tema parto
foi abordado pelo médica, somente uma vez a secretária me disse que para
“fazer” o parto eu teria que pagar, assinar um termo de ciência e um contrato
pela disponibilidade da médica.
Com cerca de 13 semanas, li sobre as intervenções feias
no bebê pós nascimento quando se está no hospital. Não gostei. Não queria que meu
filho passasse por tudo aquilo logo que nascesse e, então, comecei a namorar a
ideia de um parto domiciliar.
Em um dos muitos grupos de apoio à humanização, conheci
uma moça que teria um PD. Ela me passou o contato da equipe. Conversei com o
marido e ele concordou em irmos conversar com as parteiras e ver como
funcionava, quanto custava, como era decidida a remoção no caso e emergência e
se precisava mesmo de UTI dentro de casa (mitos envolvendo o PD da Gisele Bündchen).
Saímos da consulta apaixonados pelas parteiras, elas
sanaram todas as dúvidas e passaram uma segurança absurda pra nós. Saímos
decididos a ter nosso Pedro em casa
Continuei o pré-natal com a médica do plano e iniciei o
pilates pra ir me preparando, também fazia caminhadas diárias na praia.
Na véspera da nossa consulta de 30 semanas, a secretária da
médica que me acompanhava ligou desmarcando a consulta porque meu plano foi
cancelado. Por sorte, o plano de saúde pela empresa do meu marido tinha acabado
de ser aprovado e pude continuar o pré-natal com uma médica realmente humanizado,
que não recriminava a nossa opção pelo parto em casa, não colocou medo com
relação ao peso (engordei 13Kg no total) , esperava até 42 semanas, não fazia
toque de rotina… Um sonho!
Com 38 semanas, eu pedi um exame de toque, e x médica
atendeu meu pedido – eu estava muito curiosa pra saber se tinha alguma evolução
e tinha: quase 2 cm, ou seja, meu corpo estava trabalhando e o melhor SEM DOR!
A partir das 39 semanas, começamos a ter acompanhamento
semanal com a parteira (medir pressão, barriga e auscultar o coração do bebê).
Só iríamos ao médico de novo se passasse das 41 semanas e precisasse de algum
exame que só médicos podem pedir.
Passou Natal, passou Ano Novo e nada de Pedro dar as
caras…
No dia 02, acordei às 06h30 pra ir ao banheiro (vida de
grávida) e senti uma dor “diferente”. Ela vinha das costas, descia pra barriga
e era doloridinha. Até aquele momento, só havia sentido contrações indolores.
Na hora avisei ao marido, que estava se arrumando pra ir trabalhar, que estava
sentindo contrações e que Pedro poderia chegar naquele mesmo dia.
Como ainda não doía muito, voltei a dormir e fiquei até
umas 10h00 na cama. Levantei, tomei meu café e fiquei monitorando as contrações
pra enviar pra Doula e pra Obstetras. As contrações eram nada ritmadas, vinham
aleatoriamente, mas já bem doloridas.
Fui almoçar na minha mãe e escondi que as contrações
estavam acontecendo, nós decidimos não contar o início do TP para não gerar
ansiedade nas avós, já que não sabíamos quanto tempo demoraria
Voltei pra casa por volta de 14h00, e a Doula veio aqui
ver o que estava acontecendo, já que eu, mãe de primeira viagem, ainda tinha
dúvidas. Logo que ela chegou meu marido avisou que a empresa estava sem luz e
estava vindo pra casa.
Ela me avaliou, colocando a mão sobre a minha barriga no
momento da contração, ela disse que não estavam ritmadas, mas eram eficientes,
que essas dores poderiam ser somente pródomos e durarem mais uns dias ou
poderiam engrenar. Ela sugeriu eu ficar na bola com água caindo na lombar pra
ver se as dores espaçavam, se fosse TP, não espaçariam
Nisso marido já havia chegado e queria ir até a padaria
comprar suprimentos para caso Pedro resolvesse nascer naquela madrugada, pedi
que ele esperasse eu ficar no chuveiro pra cronometrar as contrações pra enviar
pra equipe. 30 minutos em baixo do chuveiro morno, contrações doloridinhas e
bem espaçadas: enviamos as informações. Saí do banho, marido foi à padaria, aí
o negócio pegou. O banho “apertou” as contrações ao invés de espaçá-las, nessa
hora pensei: “Queria que diminuísse pra eu dormir um pouco” e logo depois “Hoje
Pedro chega.”
Quando o marido chegou da padaria, eu estava sentada no
vaso (era o lugar mais confortável da casa) chorando porque a dor estava bem
forte. Ele preparou a casa com os plásticos e lençóis e pediu pra Doula voltar,
eu estava com MUITA dor. Ele foi tirando minha roupa, e, quando vi, já estava
nua e assim fiquei.
Logo (ou não, nessa hora já não tinha muita noção de
tempo) a Doula chegou e colocou agulhinhas de acupuntura na lombar para aliviar
a dor. Ajuda bastante.
Eu fiquei quase todo o tempo de quatro, no início pernas
esticadas e braços apoiados no sofá, era a forma que eu aguentava quando as
contrações vinham.
Às 20h45 a bolsa estourou. Achei que as contrações iriam
doer ainda mais, mas não senti diferença significativa de antes ou depois da
bolsa estourada. A Doula entrou em contato com as parteiras e, por volta de
21h40, elas chegaram (eu acho, pois o Félix (novela Amor a Vida) estava na TV
essa hora). Uma delas perguntou se eu queria fazer um toque para ver a
evolução, e (claro) aceitei. Meu pensamento era: Se eu tiver com poucos
centímetros não vou aguentar, vou pagar a língua e ir pro hospital. Só queria que
a dor passasse.
Ela fez o toque e, pra minha surpresa e deleite, estava
totalmente dilatada e só faltava uma pontinha de dedo pra ele nascer. Ouvir
isso me deu um gás. Faltava pouco agora.
As contrações continuavam bem doloridas, e elas sugeriram
que eu fosse pro banquinho de cócoras pra ajudar o bebê a descer. Meu marido
ficou apoiando minhas costas, e eu fiquei fazendo força.
Não sei por quanto tempo fiquei nessa posição, mas ele
não estava descendo como “deveria” e elas sugeriram mudar de novo, tentamos
mais umas 2 posições, mas elas não eram eficientes, e, cada vez que eu
precisava me mexer e mudar de posição, doía MUITO! Elas tentaram fazer rebozo,
mas isso doeu mais que tudo e pedi pra elas pararem, no que fui prontamente
atendida.
Pedi pra me sugerirem outra posição que ajudasse ele a
descer e finalmente nascer. Elas sugeriram cócoras, mas eu não consigo ficar
nessa posição (nunca consegui), então a Doula pediu pra eu ficar de joelhos no
chão e sentar nos calcanhares, essa posição ficou “confortável” e segui fazendo
força. Num determinado momento (não me lembro qual), elas pediram pro marido
sentar no sofá, ele ficou de mãos dadas comigo incentivando, a Enfermeira ficou
com a mão apoiada no alto da barriga pra ele não subir quando a contração
acabasse. A Doula fez um movimento de “apertar” a lombar pra ajudar a passagem,
e a obstetra estava embaixo, separando os lábios pra ajudar a saída. Depois
esse COMBO, mais umas 3 contrações, senti Pedro sair.
Ele saiu com tudo, de uma vez só. E a dor sumiu feito mágica.
Fiquei imóvel esperando o chorinho que veio um pouco
depois, baixinho. A obstetra deu o Pedro pro meu marido, me viraram (eu estava
de costas pra onde ele nasceu) e sentaram no sofá. Meu marido entregou o
serzinho pequeno e vermelho pra mim – o choro continuava baixinho, sem gritos,
sem desespero. Ficamos esperando o cordão parar de pulsar, e ele não quis mamar
naquela hora. Ficamos só olhando.
Meu marido que cortou o cordão. Depois, tomei ocitocina
pra auxiliar a saída da placenta. Não sei quanto tempo demorou. Após a saída da
placenta, fui tomar um banho, lavei os cabelos e voltei pro quarto pra ver se
tive lacerações. Tive algumas no início do canal – eu sei que fiz força “além
da conta”, mas períneo íntegro (e viva o epi-no).
Depois da foto com a equipe, tomamos lanche (fiquei com
uma fome sem igual) e ficamos eu e meu marido namorando nosso bebezinho
recém-chegado no chão da sala com 3.400Kg, 50 cm, apgar 7/10, mecônio espesso e
uma circular de cordão.
E assim foi a chegada de Pedro à nossa família.
Espero que gostem e se inspirem a parir."
Por Bruna Kaitzor
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