Ads 468x60px

Labels

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Relato de Bruna Kaitzor


Descobri que estava grávida dia 01/05/2013, depois de 5 meses de tentativas. Logo contamos pra família e amigos próximos, e, junto com a felicidade de estar gerando uma vida, veio a necessidade de proporcionar um nascimento respeitoso pra esse serzinho.
Primeiro, fomos atrás de uma GO humanizado. Graças a uma amiga que teve seu parto normal hospitalar, eu já tinha saído da Matrix obstétrica e acabei indo em uma que eu não tinha curtido muito (fui antes de engravidar), mas era a única opção que meu plano oferecia.
O atendimento à gestante era bom, mas nunca o tema parto foi abordado pelo médica, somente uma vez a secretária me disse que para “fazer” o parto eu teria que pagar, assinar um termo de ciência e um contrato pela disponibilidade da médica.
Com cerca de 13 semanas, li sobre as intervenções feias no bebê pós nascimento quando se está no hospital. Não gostei. Não queria que meu filho passasse por tudo aquilo logo que nascesse e, então, comecei a namorar a ideia de um parto domiciliar.
Em um dos muitos grupos de apoio à humanização, conheci uma moça que teria um PD. Ela me passou o contato da equipe. Conversei com o marido e ele concordou em irmos conversar com as parteiras e ver como funcionava, quanto custava, como era decidida a remoção no caso e emergência e se precisava mesmo de UTI dentro de casa (mitos envolvendo o PD da Gisele Bündchen).
Saímos da consulta apaixonados pelas parteiras, elas sanaram todas as dúvidas e passaram uma segurança absurda pra nós. Saímos decididos a ter nosso Pedro em casa
Continuei o pré-natal com a médica do plano e iniciei o pilates pra ir me preparando, também fazia caminhadas diárias na praia.
Na véspera da nossa consulta de 30 semanas, a secretária da médica que me acompanhava ligou desmarcando a consulta porque meu plano foi cancelado. Por sorte, o plano de saúde pela empresa do meu marido tinha acabado de ser aprovado e pude continuar o pré-natal com uma médica realmente humanizado, que não recriminava a nossa opção pelo parto em casa, não colocou medo com relação ao peso (engordei 13Kg no total) , esperava até 42 semanas, não fazia toque de rotina… Um sonho!
Com 38 semanas, eu pedi um exame de toque, e x médica atendeu meu pedido – eu estava muito curiosa pra saber se tinha alguma evolução e tinha: quase 2 cm, ou seja, meu corpo estava trabalhando e o melhor SEM DOR!
A partir das 39 semanas, começamos a ter acompanhamento semanal com a parteira (medir pressão, barriga e auscultar o coração do bebê). Só iríamos ao médico de novo se passasse das 41 semanas e precisasse de algum exame que só médicos podem pedir.
Passou Natal, passou Ano Novo e nada de Pedro dar as caras…
No dia 02, acordei às 06h30 pra ir ao banheiro (vida de grávida) e senti uma dor “diferente”. Ela vinha das costas, descia pra barriga e era doloridinha. Até aquele momento, só havia sentido contrações indolores. Na hora avisei ao marido, que estava se arrumando pra ir trabalhar, que estava sentindo contrações e que Pedro poderia chegar naquele mesmo dia.
Como ainda não doía muito, voltei a dormir e fiquei até umas 10h00 na cama. Levantei, tomei meu café e fiquei monitorando as contrações pra enviar pra Doula e pra Obstetras. As contrações eram nada ritmadas, vinham aleatoriamente, mas já bem doloridas.
Fui almoçar na minha mãe e escondi que as contrações estavam acontecendo, nós decidimos não contar o início do TP para não gerar ansiedade nas avós, já que não sabíamos quanto tempo demoraria
Voltei pra casa por volta de 14h00, e a Doula veio aqui ver o que estava acontecendo, já que eu, mãe de primeira viagem, ainda tinha dúvidas. Logo que ela chegou meu marido avisou que a empresa estava sem luz e estava vindo pra casa.
Ela me avaliou, colocando a mão sobre a minha barriga no momento da contração, ela disse que não estavam ritmadas, mas eram eficientes, que essas dores poderiam ser somente pródomos e durarem mais uns dias ou poderiam engrenar. Ela sugeriu eu ficar na bola com água caindo na lombar pra ver se as dores espaçavam, se fosse TP, não espaçariam
Nisso marido já havia chegado e queria ir até a padaria comprar suprimentos para caso Pedro resolvesse nascer naquela madrugada, pedi que ele esperasse eu ficar no chuveiro pra cronometrar as contrações pra enviar pra equipe. 30 minutos em baixo do chuveiro morno, contrações doloridinhas e bem espaçadas: enviamos as informações. Saí do banho, marido foi à padaria, aí o negócio pegou. O banho “apertou” as contrações ao invés de espaçá-las, nessa hora pensei: “Queria que diminuísse pra eu dormir um pouco” e logo depois “Hoje Pedro chega.”
Quando o marido chegou da padaria, eu estava sentada no vaso (era o lugar mais confortável da casa) chorando porque a dor estava bem forte. Ele preparou a casa com os plásticos e lençóis e pediu pra Doula voltar, eu estava com MUITA dor. Ele foi tirando minha roupa, e, quando vi, já estava nua e assim fiquei.
Logo (ou não, nessa hora já não tinha muita noção de tempo) a Doula chegou e colocou agulhinhas de acupuntura na lombar para aliviar a dor. Ajuda bastante.
Eu fiquei quase todo o tempo de quatro, no início pernas esticadas e braços apoiados no sofá, era a forma que eu aguentava quando as contrações vinham.
Às 20h45 a bolsa estourou. Achei que as contrações iriam doer ainda mais, mas não senti diferença significativa de antes ou depois da bolsa estourada. A Doula entrou em contato com as parteiras e, por volta de 21h40, elas chegaram (eu acho, pois o Félix (novela Amor a Vida) estava na TV essa hora). Uma delas perguntou se eu queria fazer um toque para ver a evolução, e (claro) aceitei. Meu pensamento era: Se eu tiver com poucos centímetros não vou aguentar, vou pagar a língua e ir pro hospital. Só queria que a dor passasse.
Ela fez o toque e, pra minha surpresa e deleite, estava totalmente dilatada e só faltava uma pontinha de dedo pra ele nascer. Ouvir isso me deu um gás. Faltava pouco agora.
As contrações continuavam bem doloridas, e elas sugeriram que eu fosse pro banquinho de cócoras pra ajudar o bebê a descer. Meu marido ficou apoiando minhas costas, e eu fiquei fazendo força.
Não sei por quanto tempo fiquei nessa posição, mas ele não estava descendo como “deveria” e elas sugeriram mudar de novo, tentamos mais umas 2 posições, mas elas não eram eficientes, e, cada vez que eu precisava me mexer e mudar de posição, doía MUITO! Elas tentaram fazer rebozo, mas isso doeu mais que tudo e pedi pra elas pararem, no que fui prontamente atendida.
Pedi pra me sugerirem outra posição que ajudasse ele a descer e finalmente nascer. Elas sugeriram cócoras, mas eu não consigo ficar nessa posição (nunca consegui), então a Doula pediu pra eu ficar de joelhos no chão e sentar nos calcanhares, essa posição ficou “confortável” e segui fazendo força. Num determinado momento (não me lembro qual), elas pediram pro marido sentar no sofá, ele ficou de mãos dadas comigo incentivando, a Enfermeira ficou com a mão apoiada no alto da barriga pra ele não subir quando a contração acabasse. A Doula fez um movimento de “apertar” a lombar pra ajudar a passagem, e a obstetra estava embaixo, separando os lábios pra ajudar a saída. Depois esse COMBO, mais umas 3 contrações, senti Pedro sair.
Ele saiu com tudo, de uma vez só. E a dor sumiu feito mágica.
Fiquei imóvel esperando o chorinho que veio um pouco depois, baixinho. A obstetra deu o Pedro pro meu marido, me viraram (eu estava de costas pra onde ele nasceu) e sentaram no sofá. Meu marido entregou o serzinho pequeno e vermelho pra mim – o choro continuava baixinho, sem gritos, sem desespero. Ficamos esperando o cordão parar de pulsar, e ele não quis mamar naquela hora. Ficamos só olhando.
Meu marido que cortou o cordão. Depois, tomei ocitocina pra auxiliar a saída da placenta. Não sei quanto tempo demorou. Após a saída da placenta, fui tomar um banho, lavei os cabelos e voltei pro quarto pra ver se tive lacerações. Tive algumas no início do canal – eu sei que fiz força “além da conta”, mas períneo íntegro (e viva o epi-no).
Depois da foto com a equipe, tomamos lanche (fiquei com uma fome sem igual) e ficamos eu e meu marido namorando nosso bebezinho recém-chegado no chão da sala com 3.400Kg, 50 cm, apgar 7/10, mecônio espesso e uma circular de cordão.
E assim foi a chegada de Pedro à nossa família.

Espero que gostem e se inspirem a parir."

Por Bruna Kaitzor 

0 comentários:

Postar um comentário

 

Sample text

Sample Text

Sample Text