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quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Simpósio sobre parto humanizado - Inscrições abertas.

II Simpósio Multidisciplinar de PARTO HUMANIZADO DE DOURADOS
Período de inscrição: de 15 de setembro a 15 de outubro.


Estão abertas as inscrições para o 2º Simpósio Multidisciplinar de Parto Humanizado de Dourados (MS), evento realizado pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS) e pelo Hospital Universitário, que acontece de 23 a 25 de outubro.

Para quem é esse simpósio?

O evento é voltado para profissionais e estudantes da área da saúde, com palestras e mesas redondas envolvendo médicos, enfermeiras obstetras e doulas. Na programação também está prevista uma tarde na qual serão oferecidas quatro oficinas, com vagas limitadas, de formação profissional com os seguintes temas: "Educação em saúde na atenção primária: pré-natal, parto e puerpério"; "Educação em saúde na atenção primária: sexualidade e planejamento familiar"; "Manejo clínico no aleitamento materno" e "Assistência ao parto natural domiciliar e hospitalar".
Mães, gestantes, pais e ativistas da área de saúde da mulher também podem se inscrever para o evento. Para este público será oferecida uma oficina sobre preparação para o parto. Será cobrada uma taxa de inscrição para profissionais da saúde no valor de R$ 50. Para estudantes, doulas e demais interessados, a inscrição custará R$ 30.

Quem realiza?

O evento é realizado com o apoio da Universidade Federal da Grande Dourados, da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), da Prefeitura de Dourados, da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) e da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn/MS).


Confira o portal para inscrições e informações sobre o evento: 


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

É impossível ser feliz sozinho....

É impossível ser feliz sozinho....

Dia 27/09 foi quando confirmamos que havia uma vidinha tão especial pulsando em meu ventre....a partir daí, tudo mudou.... Mergulhamos no universo da maternidade, começamos a ler, pesquisar, entender como esse "mundo" funciona, escolhas e mais escolhas a serem feitas....
Percebemos que não tínhamos o menor entendimento sobre quase nada e foi isso que nos permitiu aprender tanto....
Enquanto eu ainda estava preocupada com os complementos, vinha Deus e me presenteava com pessoas especiais... Como a Maira Suarez que me apresentou a Dra Bernadete Bousada, de uma maneira bem inusitada, e indo nessa primeira consulta que "conheci" na sala de espera a Aline Benjamin, que mais tarde vim saber que tínhamos escolhido a mesma Doula, Gleice Marcondes, nosso encontro mais um presente divino, através de uma consulta a um grupo de rede social....e presente após presente o tempo foi passando, e todos esses nomes soltos que aparentavam não ter nenhuma relação, harmoniosamente, quando eu já estava com 30 semanas, começaram a se encaixar e foi a partir deles que consegui formar a minha equipe de parto.... Foi nessa etapa que a maestra Dra Ana Fialho chegou indicada pela Dra Flávia Ponce, ...em resposta de oração numa semana decisiva!
Eu tinha uma vontade, ter um parto natural humanizado, mas ainda não sabia o quanto teria que lutar por isso.
Lutar de todas as formas, comigo mesma, com meus medos, minhas dúvidas, minhas ansiedades.... Lutar com o sistema que tenta nos tirar esse sonho.... Lutar contra os ignorantes que aparecem no meio do caminho pra nos amedrontar... Mas só nos fortalecem, pois nessa luta aprendemos e como crescemos... como gestante, mulher, casal.
Aprendemos que fazer escolha envolve o trabalho de se informar, pesquisar... Envolve riscos a serem assumidos.... Envolve medos a serem superados!
Equipe formada, pesquisas feitas, escolhas definidas, plano de parto acordado.... Tudo certo!
Chega então a 38 semana... Qq hora é hora.... O tempo passa, caminhadas pra aliviar o stress, as noites começam a ficar mais longas, a barriga cada dia mais pesada...o tempo continua passando, vem a 39 semana, a 40a semana, passa a primeira Dpp, e nada..... E agora?!
Ta lá a sua equipe, te acalmando e renovando sua energia... E nós, eu e Janderson, cada dia mais convictos que João Gabriel escolheria o dia e a hora de nascer....esse seria nosso primeiro ato de amor e respeito a essa vida tão especial pra gente!
Quinta-feira, dia 05/06, a um dia de completar 41 semanas, estou na caminhada de rotina nas areias da praia do Recreio com minha amada irmã...e me percebo mais cansada... Vamos voltar??
O dia passa e no final da tarde chega o primeiro sinal.... Perdi o tampão... Misto de sensações, alívio, ansiedade, medo.... Mando mensagem pra Gleice, vou dando notícias da evolução....
A brincadeira de fato começou..... Liguei pra SP, avisei minha família, eles já estavam preparados pra pegar a estrada a qq momento!
Lanchamos e por volta das 19hs as contrações começaram, sem muito ritmo ainda...
Minha irmã e meu marido ao meu lado, se revezando nas anotações das frequências e durações das contrações.... Mudos como eu havia pedido, mas inteiramente presentes, ali, o tempo todo!
A noite vai passando e com ela as contrações se ritmando e aumentando... Já não suporto mais ficar deitada, nem sentada, não acho posição.... Levo a bola pra debaixo do chuveiro, sento nela e deixo a água quente me relaxar....
Conforme a água batia eu relaxava e vivia as contrações uma a uma, um filme vai passando na mente... Nada muito nítido, é seu grande encontro, com sua história, suas experiências e vivências.... Ali... Exposto pra você durante as cada vez mais intensas contrações...
Já são 4:30 da manhã, Gleice chega em minha casa e começa a me ajudar com movimentos corporais e massagens MUITO aliviadoras....fica com ela a missão de manter Dra Ana e equipe informada de toda evolução.... Próximo das 6hs decidimos ir a maternidade... O trajeto pra mim não foi legal, queria pular essa parte...
Chegando lá, burocracias a parte, me submetem ao exame de toque com a médica plantonista, uiii vou na lua e volto de dor,
A boa notícia era: já estava com 10 de dilatação.....
consigo vaga na sala de parto com banheira por volta das 7hs, Dra Ana e equipe chegam....
Vou pra banheira, sempre acompanhada do meu marido, ele se mantém presente e calado como eu havia pedido.... As contrações parecem ficar insuportáveis, mas eu não sinto o tal círculo de fogo.... Fazia força, muita força, nunca imaginei que tinha tanta força pra fazer .... A equipe me incentiva.... Ele ta pertinho, estamos vendo.... Falta bem pouco... E nada... Depois de algumas horas (acho que umas 3) eu peço ajuda.... Elas me sugerem mudar de posição.... Fomos pro quarto, usamos a barra, a cama, fizemos todas as posições.... Gleice usou todo seu repertório comigo.... Ela Foi ótima .... Dra Ana se manteve serena, segura, convicta e muito paciente... Meu marido do meu lado, sendo minha força e meu suporte físico e emocional..... E eu na tal viagem à partolandia... Me sentia cada vez mais fraca.... Mas só pensava: Se cheguei até aqui não posso desistir.... Comecei a clamar pelo meu filho: Vem filho, mamãe quer te conhecer.... Vem João Gabriel, vem pros nossos braços.....
Quando já não sentia mais minhas pernas, e pensei que não conseguiria mais continuar.... Supliquei ajuda.... A equipe tava lá, o tempo todo sempre me ajudando.... E as 13h00 do dia 06/06, ele veio.... Olhando pra mim, pro meu colo, pro meu peito.... Mamou... Se aqueceu.... Ficamos nos olhando.... Janderson nos envolveu em seus braços!
Nessa hora o amor invade, o alívio toma conta, o medo foi superado!
Depois de terminar de pulsar o cordão, papai o cortou... e o acompanhou mais tarde para os procedimentos necessários...sem banho, sem colírio, sem invasões!
Amor maior do mundo.... Nosso filho João Gabriel! Pesando 4.155, medindo 53 cm.... Moreno, cabeludo...o meu presente maior!

Esse não é só nosso relato de parto, é nosso relato de gratidão....

A Deus pelo dom da vida, ao presente maior João Gabriel.... E a todas as pessoas que nos apoiaram e suportaram para a realização desse sonho, de diferentes formas e em diferentes momentos...Dra Maria Cecília Erthal, Flávia Freitas, Raphael Fisher, Lucianna Jardim...


E claro, amada equipe: Ana Fialho, Gleice Marcondes, Vanessa....e agora dando continuidade a querida Fabiola Borba!

Relato Por Caroline Hornos Araujo
 

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Relato de Marisa - Mãe de Leo, nascido em fevereiro de 2013 no Hosp Sao Luiz - Unidade Analia Franco

Gostaria sim, de compartilhar o meu momento com outras pessoas.

Durante a gravidez, procurei muitas informações sobre o parto humanizado, normal e natural que a princípio se misturavam na minha cabeça.

Aos poucos, fui percebendo que precisava ter uma introspecção e saber quais eram meus reais medos, desejos e limites e teria que abraçar com todo o meu ser a resposta que viria... mesmo que fosse algo em que a mente não concordasse... mas parei tudo e busquei uma resposta mais íntima.

E, cheguei à conclusão que estava sim disposta ao parto normal humanizado, mas também, gostaria de ter um anestesista à disposição, pois eu não sabia se precisaria ou não do procedimento e como meu corpo iria acontecer no momento.

Por isso, a minha escolha foi pelo parto humanizado hospitalar.

Embora, para mim fosse um caminho natural, encontrei muitos obstáculos, medos, preocupações na família. E vários confrontos foram vividos. O que só me fortaleceu na minha escolha, mas tb me estressou bastante.

Em cada consulta ia a um médico diferente e além dos cesaristas, uma médica disse que faria o normal e descreveu o parto frank e debochou do parto natural, disse que qq coisa já emendava a cesária e tals e saí do consultório horrorizada. Dali fui pra um evento social e só no dia seguinte consegui digerir as informações e tinha finalmente compreendido: precisava de um médico humanizado!

A dificuldade de encontrar em SP um médico que faça parto normal humanizado hospitalar que atenda por convênio é gigante!

Mas achamos o Dr. Alberto Guimarães e gostamos bastante. Já era dezembro qdo fomos a ele e meu filho nasceu em fevereiro.

Na primeira consulta ele já me alertou que viajaria em fevereiro, só 1 semana - mas que pelas contas daria tempo dele fazer o parto..

Bom..seguimos com ele até o big day...

No big day, minha bolsa estourou de madrugada e ligamos para doula, que nos orientou a descansar e tb que eu tomasse bastante líquido.

Infelizmente, para mim a doula tão querida por outras pessoas não funcionou igual...,e o médico estava viajando..fato esse avisado com antecedência, mas esperávamos que fosse diferente...

Não senti contração até umas 15h e por precaução e falta de doula fomos ao Hospital ouvir os batimentos cardíacos e tals e ver se estava tudo bem..

Estava tudo bem e retornamos pra casa (a enfermeira ligou para nossa médica indicada pelo Dr Alberto e que foi muito atenciosa e carinhosa e explicou que seria um parto normal e me autorizou a retornar pra casa).

Em casa, por volta das 18h comecei a sentir as primeiras ondas..e as 19h começou a diminuir o intervalo entre elas e fomos ao hospital novamente (doula por tel, cumprindo sua agenda do dia e seus compromissos).

Cheguei ao hospital um pouco antes das 20h e passei por um pré atendimento, e ouvimos os batimentos e um exame de toque horroroso foi feito.

Dai fui pra sala de parto normal.

A partir daí, foi como eu queria muito e imaginava.

A luz baixa, a bola de pilates - minha grande companheira da partolândia.

Ingressamos na sala eu e meu marido.

A doula chegou depois, me encontrou na bola e a primeira coisa que ela perguntou foi se meu marido tinha o recarregador de celular pq a bateria dela estava esgotando (!)

A massagem nas costas que a doula fez aliviava bastante e foi o melhor que consigo lembrar da presença dela.

O tempo foi passando e chegou aquele momento do expulsivo e que eu não tinha plena consciência naquele momento. Precisava de ajuda. Fiquei travada e sentia que já estava na hora de nascer mas eu não conseguia relaxar o suficiente..foi aí que pedi pra entrar na banheira..a banheira nesse momento não me ajudou em nada..e eu já estava com 10cm de dilatação e sentindo que era a hora, mas nada (!)

Embora a médica tenha sido maravilhosa, tenho certeza que não tinha a vivência de parto normal como o Dr. Alberto que estava ausente, e a doula que se apresentou como obstetriz na primeira consulta, não me sugeriu nada .. nada mesmo, nem que pudesse ajudar ou atrapalhar.. e seu currículo não me ajudou naquele momento..

Foi aí, que pedi a anestesia..

O anestesista foi super hiper cuidadoso, me deixou sentada e aplicou o que foi o combinado: só para aliviar as contrações um pouco...

A partir daí, não foi muito legal..mas foi rápido..

Estava em posição ginecológica na maca e um médico presente fez a manobra Kristeller, a médica me perguntou se era sem episiotomia e eu confirmei e ela respeitou e assim nasceu meu filhote.

A enfermeira do hospital segurou minha mão e me deu uma força incrível para esses momentos finais.

A Rosa Maria, que já tinha acabado seu plantao mas ficou lá, pq naquele dia era seu aniversário e achou tudo aquilo especial..e não houve desapontamento..meu filho nasceu as 23:57 ..

Uma experiência intensa e que em alguns pontos gostaria que tivesse sido diferente.

Ah com o bebê em casa, recebi um contado in box da doula cobrando a outra metade da sua verba e disse que conversaria com o médico e foi o que fiz, e expus o que achava justo.

Graças a Deus tudo correu bem..tive laceração leve que nunca senti nada..., e o parto foi normal.

Disso tudo, pude perceber como os imprevistos acontecem e como é difícil o sistema a qual estamos expostas, tanto cultural quanto médico.

Minha vontade sincera, é que as mulheres REALMENTE pudessem fazer suas escolhas..pq cesária ou parto em casa, me parece que tem uma gama de mulheres que ficam sem poder viver o que realmente gostariam de escolher, com a dignidade e respeito que teriam eu um parto todo particular vivido em casa.


Talvez a melhor opção hoje em dia, seja o parto domiciliar, mas também, por falta de um lugar próprio para nascimento com a visão humanizada e com estrutura necessária.

Por Marisa Rosa Ribeiro, São Paulo - SP

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

RELATO DO NASCIMENTO DA MINHA FILHA – Pela humanização do parto

Sempre me soou estranho ter virado normal no Brasil o nascimento por cirurgia ou o fato de que nenhuma mulher conseguia mais dar a luz. E muito antes de desejar ter um filho, sempre tive a certeza de que quando ele viesse ao mundo seria através de um parto normal. Essa minha vontade talvez tenha ligação com o meu nascimento, que segundo relatos de minha mãe, foi uma indução que acabou em cesariana, cheia de dor e violências obstétricas.
Mas enfim, meu terapeuta há 7 anos é ativista do parto natural e há muito tempo conversamos sobre o sistema obstétrico brasileiro e sobre os benefícios do parto normal - muito antes de ter conhecido meu companheiro e pai da minha filha - mas esse assunto sempre me instigou e talvez em razão de um desejo oculto de ser mãe, queria saber mais!
Foi em janeiro de 2013, quando o filho de um primo nasceu em parto domiciliar, que passei a ter contato com o parto humanizado. Até então, para mim, parto normal era um ato médico hospitalar, em que o bebê nascia com a mãe deitada, enfim, na posição que vemos nos filmes e novelas.
Como eu e meu companheiro já falávamos em ter filho, comecei a ler mais a respeito, assisti o filme O Renascimento do Parto e acabei descobrindo todos os benefícios de um parto natural, sem intervenções médicas, onde a mulher é a protagonista! Quando descobri essas possibilidades só conseguia pensar como seria fantástico poder ter um filho sem seguir um protocolo, que bacana que a mulher é quem pode escolher a melhor posição, porque parir sem anestesia é importante e assim vai, além é claro, de todos os benefícios que um parto humanizado traz na chegada e recepção do bebê nesse mundão...
Para quem me conhece, sabe que sou determinada e sigo firme nas minhas convicções e estava totalmente entregue ao desejo de trazer ao mundo um bebê de uma forma humanizada. Meu marido comprou a idéia, o que entendo fundamental! Quando descobri que estava grávida, já na primeira consulta, fui bem sincera com a médica - que é minha amiga e adepta do parto normal - sobre meu desejo de ter um parto natural, sem intervenções! E de pronto ela me indicou uma enfermeira obstetra/doula para a preparação do parto e acompanhamento durante o trabalho de parto. Já conhecia o trabalho das doulas e queria muito ter alguém me acompanhando, mas vindo a sugestão da médica, tive a certeza de que estava me cercando de profissionais que possibilitariam a chegada da minha filha da maneira mais natural possível, mesmo em ambiente hospitalar. Além disso, para que a recepção da nossa bebê fosse pouco invasiva, sem que fossem feitos procedimentos desnecessários, como aspiração nasal, aplicação de colírio de nitrato de prata, permanência na incubadora, o pediatra que acompanharia a chegada da nossa pequena também segue a linha do parto humanizado. Nos cercamos dos melhores profissionais para iniciar a grande aventura da maternidade/paternidade. Ah, elaboramos um plano de parto seguindo alguns modelos, mas dando nosso toque pessoal (posso disponibilizar).
Enfim, para encurtar e o relato não ficar muito enfadonho, tive uma gestação muito tranquila, sem nenhuma intercorrência, cenário perfeito para um parto natural! Além disso, mantive uma boa alimentação e fiz hidroginástica até a semana do nascimento, ou seja, preparei meu corpo para aguentar firme durante o trabalho de parto! Eu me sentia muito bem fisicamente até o final, mesmo tendo uma barriga enorme e pesada.
Parei de trabalhar com quase 38 semanas e aí era só aguardar o grande dia, que só chegou com 41 semanas e 1 dia! Aff, como é difícil essa espera após a 40ª semana, mesmo eu tendo a certeza de que tudo estava muito bem com a minha bebê.
E foi na sexta-feira, dia 13/06, 6 da manhã que saiu o tampão mucoso, então sabíamos que a grande hora estava chegando.
No sábado, 14/06 eu e minha mãe (meus pais são de outra cidade e estavam em minha casa desde o dia 04/06 aguardando a chegada da primeira neta) acordamos bastante angustiadas, mas já era um sinal, as contrações começaram às 9:40, ainda fracas e em intervalos de 40', depois de 20', 10' e assim foi indo. A minha alegria quando as contrações começaram deixou a angústia matinal para trás, eu até comecei a dançar pela casa, coloquei música e realmente curti o momento que tanto esperava, de vivenciar um parto natural, de receber a minha filha no dia dela, ela estava chegando!!! Fiz meditação e conversei muito com minha filha para ela não ter medo, que podia vir, descer o escuro e estreito canal, pois a estávamos esperando!
Neste início de trabalho de parto, procurei descansar entre uma contração e outra e me alimentar, comi muita fruta, tomei muita água de coco, na hora do almoço me lembrei da parteira mexicana Naolí e comi macarrão e até quando tive vontade comi chocolates para me dar energia. Mais ou menos às 15 horas pedi aos meus pais para irem para a casa da minha tia, pois queríamos ficar sós em casa, com liberdade para deixar as emoções e as dores fluírem, deixar o instinto animal aflorar. Eu realmente entendi tudo que se fala a respeito de ser a mulher protagonista do seu parto, ora descansava, ora caminhava pela casa, permanecia de quatro ou de cócoras (posição que mais me agradou durante a gestação). Meu marido estava controlando as contrações e sua duração, acho que ele estava um pouco nervoso, já que a responsabilidade era toda dele, mas relaxou assim que a doula chegou em casa por volta de 16hs, quando as contrações estavam de aproximadamente 9 em 9 minutos. Quando ela chegou, senti que as contrações se reduziram, mas não tardou eu me entregar novamente e aí o bicho começou a pegar! Ela fez massagens na barriga e nas costas durante as contrações, me amparou e no primeiro toque, por volta de 17 horas constatou que estava só com 2 cm de dilatação, mas meu colo estava bem fino. Caminhei muito pela casa só de calcinha e top, sentia muito calor, já não conseguia mais ficar deitada e acho que tomei uns 3 banhos, os gritos de dor a cada contração já eram bem intensos, eu havia treinado na terapia a importância de se entregar à dor para não retrair, dificultando a dilatação. As contrações durante o banho eram muito fortes, mas mesmo assim, me sentia muito bem, além de relaxar. Às 19 horas já estava com 5 cm de dilatação e a bolsa estava bastante protusa, ou seja, poderia estourar a qualquer momento. Foi então que a doula me disse que esperaríamos minha bebê descer mais para ir para a maternidade Perinatal. Tomei mais um banho, mas aí já estava na tão falada partolândia, contrações ritmadas, nessa fase, como as dores eram muitas, tive alguma dificuldade em relaxar a pélvis, acho que não conversava mais com meu marido ou com a doula, só caminhava de um lado para outro, me agachando em cada contração.
Por volta de 21 horas pegamos o taxi, foram os 11 minutos mais longos da minha vida, pois eu me agarrei no puxador de teto e a cada contração fazia gemidos com uma toalha na boca, o pobre do motorista não merecia ouvir meus gritos. Fomos direto para a sala de parto humanizado (que de humanizado não tem muita coisa, mas enfim, é a opção que temos em termos hospitalares) e no primeiro exame da médica, só de introduzir o dedo para o toque a bolsa estourou e constatou-se que a dilatação era total! Nessa altura eu sentia muita dor e acabei pedindo anestesia, mas felizmente já não dava mais tempo, pois já estava no período expulsivo (aí fez mais sentido porque ficar em casa o máximo que fosse possível, em casa nem lembrei que existe anestesia)! Lembro da médica falando para o pediatra que a dilatação era total, só precisava a bebê descer. Também me recordo de terem mandado deixar o bercinho na sala de parto aquecido, já que o nascimento estava próximo.
Já sentia a necessidade de empurrar e me revezava entre o banquinho de parto humanizado, de cócoras na cama de parto, ou meio sentada na cama com os pés no apoio, eu não tinha mais muita mobilidade, não conseguia ficar caminhando pela sala, pois a dor era muito grande, a posição no banquinho era bastante confortável e facilitava para fazer a força. Eu não sei de onde tirei tanta energia, mas eu fiz muita, muita força, força longa. Meu marido me falava coisas lindas e me amparava enquanto a médica e a doula me orientavam pedindo para que a força fosse mais longa e direcionada na pélvis. A médica passou a auxiliar com os dedos para ver se minha filha estava descendo, para tentar ajuda-la e em cada vez eu sentia que seus dedos entravam muito no canal vaginal. Por volta de meia noite (já estávamos nessa situação por aproximadamente 2 horas e meia) a médica disse que ela não estava descendo, que a cabeça parecia não ter conseguido encaixar, ela tentou auxiliar com a mão, mas não surtiu efeito. Os batimentos da minha filha eram ótimos e não havia sinal de sofrimento fetal e assim ficamos mais 1 hora tentando que ela descesse até que a médica disse que a situação não evoluia, nessa hora eu autorizei episio, fórceps, o que fosse necessário para um parto vaginal, mas o bebê sequer estava no canal e portanto, essas não eram alternativas. Foi então que a médica mandou preparar a sala de cirurgia para que fosse feita a cesariana. Nessas alturas foram quase 4 horas de período expulsivo, leia-se dilatação total, sem evolução.
E assim, à 1:28 do dia 15/06, pesando 4,220 kg e 51,5 cm chegou minha linda filha através de uma cirurgia cesariana. O pediatra a trouxe imediatamente para junto de mim, não sugaram suas vias respiratórias ou aplicaram colírio de nitrato de prata em seu olho, quando ela começou a abrir a boquinha, foi-lhe oferecido o peito e a bebezona, cheia de cabelo e de dobrinhas, sugou imediata e corretamente e ficamos nos namorando até o término da cirurgia, quando voltei para o quarto e meu marido seguiu com o pediatra para o berçário para pesagem (procedimento padrão na maternidade), mas logo estávamos os 3 juntos no quarto.
Me recordo que na sala de cirurgia, antes da aplicação da anestesia, eu repetia copiosamente que queria ser índia, porque acho que se fosse índia ou morasse em uma comunidade amazônica, por exemplo, as parteiras tradicionais conseguiriam ajudar meu bebê a encontrar o caminho e descer pelo canal vaginal. Até acho que isso realmente poderia acontecer, mas a que custo não dá pra saber. O movimento por uma revisão no sistema obstétrico brasileiro, pela humanização do parto, pelo direito da mulher parir e do bebê nascer através de um parto vaginal, que indiscutivelmente é a melhor forma para ambos, não abomina a cesariana como mecanismo para salvar vidas e no nosso caso, talvez se passássemos mais algumas horas tentando que minha bebê encaixasse e descesse, poderíamos não ter tido um bebê saudável, já havia mecônio e ela nasceu fazendo muito cocô, ou seja, mais algumas horas poderiam ter levado a um desfecho diferente. Claro que são só suposições.
O que me consolou naquela mesa de cirurgia é que não desisti do parto natural em nenhum momento, se fosse possível ficar mais 4 horas eu aguentaria, pois estava fisicamente preparada para isso, mas não era para ser desta maneira.
Não posso deixar de registrar que fui muito respeitada por toda equipe médica, tive mobilidade durante o período expulsivo para encontrar a melhor posição para parir minha bebê, tomei bastante líquido, que me auxiliou a fazer força, exerci o meu direito a um parto humanizado! Pela minha experiência, para quem optar por um parto humanizado hospitalar, aconselho passar grande parte do trabalho de parto ativo em casa, no ambiente acolhedor e seguro, com a presença de uma enfermeira obstetra/doula, que é alguém com quem criamos vínculos e nos ajudou sobremaneira nesse momento tão especial.
Eu sempre pensei em fazer um relato de meu parto natural e logo que minha filha nasceu, como acabou em cirurgia cesariana, havia desistido, como se tivesse saído derrotada, como se fosse uma vergonha. Ora, o parto natural não foi possível por questões fisiológicas. No entanto, após reflexão, decidi que tinha sim que relatar tudo que vivenciei, porque foi fantástico, o faria novamente, segui firme nas minhas convicções e propósitos até onde foi possível, liberei muita ocitocina para mim e para minha filha, pois afinal, parto não é troféu e a cirurgia cesariana está aí para salvar vidas. Mas não é só isso, porque é importante também que sejam relatados os casos em que o parto natural não foi possível, para que as mulheres que porventura vierem a passar pelo que passei, saibam que mesmo assim, todo trabalho de parto valeu a pena, principalmente porque seu bebê veio no dia dele, ele passou pelas contrações e foi liberada muito hormônio do amor, que auxiliou em muito na recuperação, na descida do leite e na estabilização hormonal do puerpério!
Por fim, acho importante deixar registrado que ao contrário do que muitas mulheres dizem, não achei a cesariana uma cirurgia simples, não é tranquilo, você passa os primeiros dias sem poder fazer muitos movimentos necessários para cuidar do seu filho no momento que ele acabou de chegar nesse mundão e que precisa do seu aconchego! Ou seja, sempre vale a pena ir até o final na busca de um parto natural.
Felizmente quero ter outro filho e quem sabe terei a experiência de um parto natural humanizado por completo, já que afinal, cada parto é um parto!


Por  Manuela Mehl 



terça-feira, 16 de setembro de 2014

Relato de Parto Humanizado pelo SUS após Cesariana - Alis Ribeiro

A primeira vez que eu li/ouvi falar sobre parto humanizado foi através de uma reportagem no jornal no inicio de 2013. Chamou-me a atenção o fato de uma das ativistas ser mãe de uma coleguinha de classe da minha filha mais velha ( Yasmin – 5 anos), achei lindo e lembro de ter comentado : “ acho tudo isso muito lindo só que não é pra mim! “ Eu e meu marido (Adriano) já planejámos o aumento da família quando em poucos meses a gravidez se confirmou, fui atrás das Thais (ativista do GAHP) falei sobre minha preferencia por cesariana, e ela me adicionou a fanpage do grupo, por uma feliz coincidência nos próximos dias aconteceria a primeira exibição do filme O Renascimento do Parto, que estava sendo organizada pelo GAHP, ela me indicou e confesso que hesitei até o último momento, a ideia me parecia interessante, mas não acreditava que alguém fosse capaz de modificar meu pensamento, eu tinha muito medo da dor! Resolvi comprar os ingressos e levei meu marido a minha avó para juntos assistirmos ao filme, precisava da opinião e apoio deles. Após o filme, imediatamente meu pensamento mudou... Primeiro me senti “MENAS” mãe por ter submetido minha primeira filha a tantos procedimentos que hoje EU julgo desnecessários. A segunda reação foi: “OK, já sei que não quero mais a cesárea, mas creio que não consigo ter um parto normal. Como vou fazer?”. Comecei a me “medicar” com doses e doses de informação, lia relatos bons e ruins também, procurei orientações, indicações... Fui me abastecendo de conhecimento. Peguei o telefone da doula e não liguei! Continuei acompanhando as atualizações do GAHP via internet até que na 36a semana (que eu achava ser a 39a) foi quando resolvi tirar as dúvidas finais com a doula (Nayara Rocha), marcamos um encontro meu marido, eu e ela para providenciarmos o plano de parto, com todos os “mimimis” que achei necessário a partir dai o contato era direto com ela via Facebook ou celular, ela fazia parte da nossa gestação agora; até um chute mais forte ou ausência dele eu informava a ela. Não deixei de lado em nenhum momento o acompanhamento do GO, pelo contrário procurei mais um! Esperei pelo meu momento ainda duvidando da minha capacidade de parir, o empoderamento surgiu no dia do parto. Na minha primeira gestação eu havia sentido as dores do período de latência; tudo se encaminhava para o meu desejado parto normal e na hora eu literalmente fugi da maternidade (HGMTR) assustada, mal informada e com um medo PAVOROSO, vale lembrar que tinha naquele dia uma mulher gritava desesperadamente e achei que o mesmo aconteceria comigo. FUGI. Apesar de ter dito durante a gestação que queria um parto normal o despreparo e o medo do desconhecido me fizeram optar por uma cesariana em clínica particular. Nesta nova gestação a ultrassom marcava a DPP (data prevista para o parto) para o dia 17/02/2014, segundo os médicos a bebê nasceria com pouco mais de 3 kg e mais de 47 cm, isso já não me assustava mais! Meu corpo foi projetado para parir e parir conscientemente! Dia 17/02/2014 e nenhum sinal, nada, nem movimentos leves eu sentia, a Nayara (doula) me dizia o que poderia fazer para tentar estimular os movimentos da bebê, fiz caminhada, comi chocolate, ouvi desde as músicas leves até as mais agitadas, dancei, cantei, conversei com minha bebê, por volta de 21:00h ainda amparada pela doula criei coragem e me dirigi até a maternidade para verificar se estava tudo bem, nós sabíamos que a gestação poderia durar mais do que 40 semanas, mas ansiedade e medo não ajudam em nada. Lá chegando ao contrário do que me diziam fui muito bem atendida por todos, fiz os exames e tudo estava normal, fui dispensada com a seguinte frase: “mamãe, fica tranquila sua bebê está bem e devemos esperar, pode ser que ela resolva nascer hoje ou na próxima semana” UFA! Que alívio, queria muito conhecer minha menina, mas era inevitável não pensar na temida dor que essa vontade me traria! De volta em casa, por volta de 23h45min comecei a sentir as dores já conhecidas do período latente era o sinal de que estava chegando a hora. Olhem que maravilhoso é o nosso corpo, minha bebê descansou o dia todo para trabalharmos juntas durante a madrugada inteira... Coração apertadinho, borboletas no estômago, um nó na garganta e emoção a flor da pele. Informei a Nayara que eu estava no período de latência e fui para o banho tentando relaxar e procurando me concentrar nas respirações diafragmáticas aproveitando e curtindo cada contração, o espaço entre uma dor e outra estava menor, decidi então ir para a maternidade, ainda era a mesma equipe que havia encontrado horas antes, dessa vez fui preparada para se caso ouvisse alguma mulher se descontrolar não correr, compreendi que a dor do outro não é a mesma que a minha e que eu sou capaz de parir, aliás, isso acaba se tornando uma espécie de mantra! (SOU CAPAZ DE PARIR!!!) Chegamos na maternidade por volta de 4:00h, entrei sozinha para as primeiras aferições e cerca de 1 hora mais tarde avisaram meu marido que poderia prosseguir com a internação já que eu estava com 3 dedos de dilatação. Assim que ele chegou pedi a enfermeira se poderia usar a bola de pilates que estava à disposição e ela permitiu (acho que acabariam me oferecendo mais tarde), ela me trouxe a bola e orientou meu marido para que fizesse massagem. Ás 6:00h pedi para ter a presença da doula e ela prontamente aceitou, em 30 minutos a Nayara já estava lá com o plano de parto em mãos e nas mãos de enfermeira que leu atentamente e me explicou que a única coisa do meu plano que não poderia ser seguido era com relação a cesariana, caso fosse necessária pedi que o fizessem com as minhas mãos livres para poder pegar minha filha ao nascer, segundo ela isso não seria possível devido ao movimento reflexo das mãos sobre o corte. OK, já estava me dando por satisfeita por ter chegado até ali e estar tudo correndo bem, o que ela disse sobre a cesárea não seria necessário eu ia conseguir! (Nessa hora gritava a mãe empoderada dentro de mim); outro item do meu plano de parto falava sobre poder usar o chuveiro por tempo indeterminado, ela me explicou que poderia usar somente depois das 7:00h; horário em que as caldeiras da maternidade são ligadas. 7:05h corri para o chuveiro com a água bem quente, aliviou em uns 70% a dor . Revezar entre o chuveiro e o vaso sanitário era o meu alívio. Ás 10:00h da manhã as dores eram bem intensas e ritmadas o exame de toque foi realizado por um médico residente muito atencioso e apontava 5 cm de dilatação (problema: ele tinha um questionário em mãos, e tinha que me fazer as perguntas, eu estava me retorcendo de dor esse não é o momento para esse tipo de coisa!) Voltei para o chuveiro e consegui entre uma contração e outra tomar água de coco para recuperar um pouco das minhas forças, comer estava fora de cogitação por causa das dores, não consegui. Entrei na partolândia e como descrever esse momento?! É incrível, li muito pouco quase nada sobre este estado de espírito.... É MÁGICO! Parecia que algo Maior me colocava para dormir; uma forma de analgesia natural para aliviar a dor é um sono profundo de 2 minutos que parece uma eternidade interrompida por uma contração. 11:45h aparece o GO fofo e o médico residente projeto de GO fofo... Acredito que eu estava gritando porque ele chegou e disse: “olha pra mim, para de gritar, isso é desnecessário e vai fazer você ficar sem forças, faz assim respira fundo e solta fazendo força “e o residente acrescentou: ”solta fazendo força de cocô” ( dois homens ; o que eles sabem sobre parir, na prática? ) Minha sorte era ter a Nayara comigo que me dizia baixinho: “ se quiser gritar grita, a dor é você quem está sentindo e o corpo é seu” , como me fez bem lembrar disso, gritei quando tive vontade de fazer , e tenham a certeza de que o moço, ops ele não gosta de ser chamado assim, o DOUTOR não gostou nenhum pouco da mocinha de olhos azuis que me acompanhava (Nayara) (risos) Notem que a figura do GO fofo surgiu ás 11:45h ele não fez nenhum exame somente verificou o exame que o médico residente ( o primeiro) havia feito ás 10:00h e chegou a conclusão de que eu deveria estar com uns 6 cm de dilatação. Saiu me dizendo que tudo estava bem e que se continuasse assim no meio da tarde minha filha estaria comigo. Voltei para o banheiro e a vontade de fazer força aumentava muito, foi quando apareceu a enfermeira e me dei conta que o plantão havia mudado, ela perguntou como eu estava e eu disse que sentia como se a cabeça da bebê estivesse saindo ela disse que na posição em que eu estava ela não conseguia ver nada e pediu para que eu fosse até a maca para que ela pudesse examinar; isso uns 10 min depois que o GO fofo tinha dito que ainda ia demorar um pouco, ela primeiramente perguntou em que posição eu gostaria de parir, respondi que sentada na maca mesmo, refez todos os exames e minha bolsa já tinha estourado (OPA! PARTO A SECO?! INDICAÇÃO DE CESÁREA! ), e também constatou a presença de mecônio (HUM, SOFRIMENTO FETAL AGORA?! CASOS E CASOS...) por precaução ela disse que me encaminharia para a sala de parto, a primeira força eu já tinha feito e os cabelinhos da minha bebê já podiam ser vistos, enquanto o meu marido e a Nayara iam vestir as roupas adequadas para entrar na sala as enfermeiras me levavam rapidamente para a sala de parto, a segunda força foi nesse caminho muito curto e a terceira e última força foi no momento em que a porta da sala se abriu, pronto! O milagre da vida acontecia; EU e MINHA FILHA protagonizávamos a novela de nossa vida enquanto éramos assistidas pela pediatra, enfermeiras obstétricas, marido e doula. Eu acabara de me tornar a mulher empoderada que sabe parir. Ela veio direto para os meus braços e enquanto sugava meu seio o cordão umbilical parava de pulsar e pude cortá-lo (sim, EU pude cortá-lo, a enfermeira permitiu) e ainda com ela em meu seio a placenta nascia. E a dor mais intensa em uma fração de segundos dava lugar ao sorriso mais largo e verdadeiro do mundo, se é que existe o mundo naquele momento... Após a primeira mamada, logo ali ao meu lado ela foi examinada, sem colírio (nitrato de prata), sem aspiração, apenas com uma leve sucção para a retirada do mecônio das narinas. Perfeita!!!! Por ela ter saído rápido demais tive uma pequena laceração e levei 3 pontos. Me sentia pronta para voltar para casa, mais isso ainda não é realidade.. Fui para a sala de recuperação (sozinha) ela para o banho e meu marido e a doula foram dispensados, em poucos minutos trouxeram a bebê para ficar comigo e pude amamentá-la novamente; 4 horas mais tarde já estava com meus familiares, tomando banho sozinha, me alimentando e tirando fotos SENTADA, com minha bebê em meu colo. Como é bom poder ter tido essa experiência, ter tido meu marido ao meu lado fez e faz toda a diferença, o apoio dos familiares e amigos também me tranquilizou, a dor de cada contração era a certeza de que cada minuto de dor era um minuto a menos que faltava para ver o rostinho da minha filha. Espero ter conseguido expressar a alegria e gratidão por ter identificado com a ajuda das pessoas certas a minha capacidade de parir e também mostrar que mães sabem parir e bebês os sabem nascer, e que é possível ter um parto natural com doula e depois de uma cesariana através do SUS. Minha Nataly nasceu dia 18/02/2014 pesando 2,975kg, medindo 49 cm, ás 12:15h depois de 12 horas de trabalho de parto. Sem intervenções cirúrgicas. Ser mãe mamífera em plenitude me enche de orgulho!

 Por Alis Ribeiro - Santa Catarina SC.
 

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