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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Vencendo medos Parte II

Como prometido aqui vai a minha segunda parte :) 
Quando o João Gabriel estava com 4 anos, decidimos que era a hora, eu com 30, perfeito, parei o remédio, veio a menstruação, ta nada de desespero, é assim mesmo (só por fora né? Porque por dentro as dúvidas não paravam) segundo mês uma cólica chata e um pequeno sangramento, agora acho que está tudo errado. Marquei um médico que me pediu uma ultra, mas iria demorar um pouco, impaciente e sem menstruação pequei um teste de farmácia e fiz, desta vez, escondi até do meu marido, deu positivo, minha vontade era de gritar, chorar, mas consegui segurar, deixei o João na creche, fui trabalhar e na hora do almoço, comprei um sapatinho de crochê e pedi para a moça embrulhar pra presente, junto com o palitinho do teste.
            Desta vez eu consegui, fiz surpresa pro meu marido e enfim caí no choro.
            No quarto ultrasom, levei a família inteira, marido, filho, mãe e pai, a médica olha pra tela e olha pra mim, - “Você acha que é menino ou menina?”, com a voz bem baixa com medo disse que achava que era menina, a médica abriu um sorrisão e disse? – “Acertou mamãe, tem uma menininha aí” Meu Deus do céu, não cabia tanta felicidade, meu casalzinho, minha dupla.
            A segunda gravidez foi um pouquinho mais complicada, mais dores, mais enjoos, mas consegui engordar menos.
            Quando estava de 8 meses, um certo dia a Maria Beatriz resolveu ficar quietinha, eu cutucava a barriga, mexia pra lá, mexia pra cá e nada dela mexer, sem pensar 2 vezes, fui ao pronto socorro, chegando lá o médico colocou o aparelho para ouvir o coraçãozinho dela, foi só ouvir o coração que comecei a sentir os movimentos, a sapeca já estava me pregando a primeira peça.
            No dia 31 de Janeiro de 2012, passei pela minha consulta do pré natal, fiz a matrícula do João na escolinha, fiz tudo o que tinha pra fazer, mas alguma coisa estava me incomodando, minha mãe ficava ligando para ir ao pronto socorro, pois estava passando da hora, o médico do pré natal disse que ainda não era hora, meu marido meio bravo dizendo que não iria me levar só porque minha mãe estava falando que era hora, nessa hora eu desabei a chorar, estava doendo, eu estava com medo de ter que fazer cesariana e todo mundo no meu ouvido, aí fui firme com meu marido – “Eu quero ir ao médico, não estou bem” Passei pela consulta e o médico estava indo para o mesmo lado que o outro: - “Seu colo ainda esta alto, vai demorar mais um pouco”, mas acho que ele percebeu minha expressão de medo e angústia e fez novamente um exame e olhou a cor do líquido, justo nessa hora veio à contração, ele disse que eu estava entrando em trabalho de parto, mas que o colo estava alto, fiquei internada rezando para que fosse parto normal.
            Com muita dor e quase desistindo e pedindo uma cesariana, as enfermeiras me levaram para a sala de parto, foi muito engraçado, pois correram chamar meu marido, pediram para parar de fazer força, mas não dava pra parar, a Maria queria sair, foi só me colocar na maca que ela saiu, quando meu marido chegou à sala de parto, ela já estava em meu colo, do jeito que eu havia imaginado, chorando, segurando a minha mão, um sonho.
            E os medos? Ah esses devem ser eternos, hoje o João Gabriel tem 8 anos e a Maria Beatriz tem 4, mas cada etapa tem seus medos, ser mãe é viver uma aventura por dia, é curar dodói, ser chefe de excursão, chef de cozinha, artista plástica, cantora, atriz, professora, confidente, juíza, promotora e advogada, tudo ao mesmo tempo.
            E o tempo pode ser nosso maior amigo, pois ao final da jornada olharemos para trás com a certeza de termos aproveitado muito bem cada segundo que passamos com os filhos, apesar dos medos, das angústias, conseguimos passar por tudo e criamos pessoas de bem, verdadeiros seres humanos, e isso é o melhor que posso fazer para o mundo, deixar um ser do bem que pensará no próximo, será amado e amará a tudo e a todos.

            Para mim família é isso, construir o melhor, dar amor, plantar este amor, ensinar o respeito, dar exemplo, superar os medos e qualquer desafio que vier, sei que não posso tudo, não sei tudo e nem tenho a pretensão de saber, mas seguindo meus instintos e o meu coração, conseguirei construir o alicerce para minha família ser o mais feliz possível.


Obrigada.
Agradeço a Deus todos os dias por este presente que é ser mãe.

Carinhosamente
Priscila Pereira
priscilappereira@gmail.com.br

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Vencendo Medos parte I


 Acredito que o maior desafio de ser mãe é superar os medos, quando o filho é planejado, temos o medo de não conseguir engravidar, se vem no susto vem o medo de contar aos pais ou ao namorado. Os meus bebês foram planejados e meus medos foram e são muitos, não sabia se teria leite, se era “forte” o bastante para ser mãe, tinha medo da cesariana, rezava todos para ter parto normal. Na minha primeira vez, aos 27 anos, parei de tomar a pílula e já fiquei mega ansiosa para ver a barriga crescer, fiz um teste de farmácia antes do período indicado e deu negativo, bom ainda tinha esperança, pois fiz no dia errado, a menstruação atrasou, e lá fui eu fazer o beta, exame de sangue, saia no mesmo dia, foi a pior decepção da minha vida, deu negativo, chorei rios, mas nada de menstruação.
Após uma bela bronca do meu marido, fiz um exame de farmácia novamente e tcham, POSITIVO, caramba e agora, tinha mesmo alguém crescendo dentro de mim, isso foi no dia primeiro de maio de 2007, na minha cabeça eu já havia planejado tudo, iria contar para a minha mãe no dia das mães como um presente. E quem disse que consegui? Cheguei na cada dela, e ela estava fazendo um bolo de chocolate, olhei pra ela e meus olhos já se encheram de lágrimas: - Mãe você vai ser Vovó, choradeira geral- ,não esperei pra contar pra ninguém, anunciava com a maior felicidade do mundo.
Mas depois da euforia os medos vieram, meu peso, peso do bebê, o que eu podia e não poderia comer ou beber, quando começava a mexer, primeiro ultrasom, muitas dúvidas. 9 meses intermináveis, fui ao hospital nos dia 21, 34 e 31 de dezembro de 2007 e nada, até que na madrugada do dia 4 de janeiro, sem conseguir dormir, assistindo ao filme “Os Reis do Iê Iê Iê”, senti uma coisa estranha e fui ao banheiro, opa tem uma aguinha saindo, acorda marido, liga pra mãe, pega a mala e vamos pro hospital.
Cheguei ao hospital por volta das 4 da manhã, a médica entrou com uma medicação, que me deu reação na hora, tudo girou, vomitei, pensei que já estava tudo perdido, morri. Correram chamar a médica e me deram outra injeção, voltei ao normal, ficava o tempo inteiro falando com minha barriga, “Vem logo João Gabriel mamãe quer te conhecer” ele nasceu por volta das 11:30, mas não chorou, não sei de onde eu tirei forças e calma para não atrapalhar os médicos, que ficavam repetindo: “Está tudo bem, ele só está cansado”, mas chamaram até a UTI Neonatal, nunca passei tanto medo, e nada do choro do meu pequeno, minha vontade era chorar, gritar, sair daquela cama e pegar minha cria nos braços, mas respirei fundo e esperei. Fui para o quarto e só pude vê-lo umas 4 horas depois, ele estava em um bercinho aquecido, só de fraldinha, de bumbum pra cima e respirando de maneira estranha, foi tudo muito diferente do que eu havia planejado, ele estava ali, mas ainda não o tinha pego no colo, dado o peito, sentido o seu cheiro. Até que chegou a enfermeira e o colocou em meus braços e pediu para eu tentar amamentá-lo, se não conseguisse ele teria que ficar na UTI mais um pouco, depois de uma longa “conversa” com ele, consegui amamentar e fui com meu pequeno ao quarto.
Quando sai do hospital, desabei no choro, era verdade mesmo, meu bebê estava comigo, no meu colo, olhando pra mim, me conhecendo, conhecendo o mundo.
Quando penso neste parto fico pensando o que será que deu errado, porque não enchi os médicos com perguntas, mas por outro lado, não quero saber de nada o importante é que tudo deu certo e hoje ele esta comigo, forte como um tourinho e mamou até os 2 anos e meio.
E os medos acabaram? Quem disse? A criança vai pra casa, aí você não sabe se o choro é de fome, de cólica, de frio, de calor, na dúvida, coloca no peito, vem pitaco daqui, pitaco dali, mas nesta hora, resolvi que iria seguir meus instintos, e não é que deu certo? A primeira etapa do meu sonho eu estava conseguindo, mas meu sonho sempre foi 2 filho, se possível um casal.
Será que consegui?
No próximo post eu conto um pouco mais sobre minhas aventuras
Carinhosamente

Priscila Pereira
priscilappereira@gmail.com

terça-feira, 23 de agosto de 2016

"PARTO DESUMANIZADO"

O Governo tem um projeto que se chama "Projeto Cegonha", é uma rede de maternidades que oferecem o direito a mulher a ter o parto humanizado, ou deveria ser. Comecei o pré-natal em uma dessas redes, e de fato, fui bem atendida na parte do ambulatório, tive um bom médico, nutricionista, fisioterapeuta, assistente social, exames, além da infraestrutura do local ser acolhedora e organizada. Não tenho o que reclamar, desde a recepção até o médico, mesmo com esta crise, onde ficou visível com o tempo a falta de manutenção, como não ter mais papel higiênico, sabonete, atraso no pagamento dos funcionários e outros. Isso não modificou em nada no atendimento. E o mais importante, estávamos as duas saudáveis, eu e minha filha Clara, todos os exames e ultrassonografias mostram isso.

Infelizmente o ambulatório, onde fiz todo o acompanhamento, é bem diferente da maternidade. São construções uma ao lado da outra, mas parecem duas coisas a parte. Cheguei a ir à emergência, onde funciona a maternidade, no início da gestação. Muitas mulheres chegando para serem atendidas, mulheres que não tinham feito acompanhamento lá, algumas dessas esperando para serem transferidas por falta de vaga, as que chegavam já em trabalho de parto ficavam, e as que tinham feito o pré-natal lá, ficavam também, não tinham atendimento especial, mas tinham prioridade para permanecerem na maternidade, pelo menos foi assim nesse dia, vi algumas mulheres arrumadas para ter parto cesárea por causa da necessidade, e falando com uma e com outra, observando as coisas, me iludi, achei que mesmo com tudo isso existia uma organização e as coisas funcionavam. E na parte de humanização, não esperava muito disso, sei que não é tão simples assim, mas acreditei que o projeto funcionava, com suas deficiências, mas que funcionava. E esperava, no mínimo, profissionalismo e ética.

Sempre tive medo de procedimentos cirúrgicos e tinha também receio do parto natural, por causa do que eu ouvia. Por ter conseguido vaga para fazer o pré-natal e consequentemente ter minha filha no Hospital Estadual da Mãe de Mesquita, RJ, comecei a me informar sobre parto humanizado, e vi que o principal neste tipo de parto é a mulher se sentir o melhor possível, acolhida. E gostei do ideal do mesmo, passando a ficar mais tranquila e firme na minha decisão de ter parto natural. Continuei com as pesquisas. Informei-me sobre o soro que costumam fazer uso nos partos, a ocitocina sintética, e é claro que não condiz com o parto humanizado. E mesmo que fosse necessário o parto cesárea, vi que o médico pode fazer com que seja mais humano também. A questão é que eu estava tranquila, caso houvesse a necessidade de cesárea, e que no mínimo, encontraria bons profissionais, com ética e organização. Iludi-me totalmente. E acabei passando os piores momentos da minha vida.

Então, no dia 14 de julho (quinta-feira) a noite, sangrei um pouco, fui para a emergência, estava vazia neste dia, tinha um grupo de médicos jovens, ou residentes, não sei. Uma grávida saiu xingando. Vi algo que não gostei, antiético, uma médica, desses mais jovens, fazendo careta por traz da paciente. E infelizmente foi ela que me examinou, me machucou, e foi bem seca, os outros dois que estavam pondo as informações no computador, não. Perguntaram se queria medicação na veia, fiquei com medo, não quis (passei a noite com cólicas). Mandaram-me para casa, disseram que o colo do útero estava fechado e era assim mesmo. Como tinha pré-natal na sexta não me preocupei.

Dia 15 de julho (sexta-feira) fui mais cedo para o pré-natal, tinha um exame para fazer, monitorar os batimentos do bebê. O médico ainda não tinha chegado, falei para a enfermeira que estava sangrando, era pouco, mas contei que era desde a noite passada. Ela ficou preocupada, chamou o maqueiro e me levou para a emergência. Quando falei para a médica que me atendeu na emergência que estava no pré-natal, ela ficou irritada, reclamou, me examinou com essa postura, e falou "fechado, volta pra lá". Voltei, meu médico já tinha chegado, me atendeu, conversou comigo, explicou que as cólicas que estava sentindo eram as chamadas contrações de treinamento, explicou como seriam as de trabalho de parto, perguntou se eu queria medicamento na veia para aliviar as dores, mas eu teria que voltar para a emergência, disse que preferia via oral, ele perguntou se eu tinha sido mal tratada lá, afirmei com a cabeça, e contei a atitude da média. Ele passou por via oral e disse que quando fossem as contrações de trabalho de parto não adiantaria, e me deu uma receita escrita, para que eu internasse no dia 17 de julho (domingo) caso não entrasse em trabalho de parto, pois completaria 41 semanas, e entendi que é de praxe internar, mas que eu passaria pela consulta primeiro. Fui tranquila para casa. Passei a noite tranquila.

Dia 16 de julho (sábado), dia tranquilo, tomando medicação, sem dor, acordei cedo, tirei fotos no quarto da minha filha. Almocei. À tarde (16h mais ou menos), as dores aumentaram, quis ir para a emergência, fui examinada pelo médico que estava na quinta, colo fechado, falaram que o sangramento era normal, passaram para uma médica com mais idade, ela nem me examinou, mal olhou para mim, bem grossa o jeito dela, me mandou para casa, disse que eu estava começando a entrar em trabalho de parto e perguntou onde eu morava, quando falei, ela questionou porque eu não fui para um hospital que existia perto da minha casa, disse que tinha feito todo meu pré-natal lá, ela disse que não tinha problema, não falei nada. Meu pai e marido me esperando, saindo da maternidade as dores aumentaram e eram do jeito que meu médico do pré-natal descreveu, mesmo assim fui para casa. Chegando em casa, aumentaram mais ainda, desesperador. Meu marido voltou comigo para a emergência. Outro médico me atendeu, mais simpático, fiquei esperançosa, me examinou, um cm de dilatação, perguntou onde morava, senti que ele ia me mandar para casa, pedi que ele não me mandasse. Viu meu cartão de pré-natal, ficou surpreso com a quantidade de consultas (10 consultas de pré-natal), viu minha idade (37 anos), primeira gestação, e achou que seria bom me deixar lá e achou que eu estava desesperada, falou isso, talvez estivesse, primeira vez que fiquei grávida. Falou que ia me dar medicação, mas que não adiantaria, era só para eu poder ficar lá. Questionei sobre o sangramento e perguntei quanto tempo, mais ou menos, para completar a dilatação. Disse que o sangramento era normal e que para primeira gestação costuma ser uma hora e meia, que pela manhã já deveria está completa. As contrações aumentaram, a medicação acabou. Fui reavaliada, outra médica, dos jovens, mais atenciosa, um cm ainda, não mudou nada. Tinha que esperar duas horas para nova reavaliação. Fiquei ali, sentada na cadeira, uma dor terrível, podia sair, fui até a recepção falar com meus parentes. Voltei. Contava os intervalos quando dava, cada vez mais curtos e as dores mais intensas, mas não me ouviam. Até que todos os médicos saíram (um homem começou a gritar por causa da esposa que já estava há muitas horas em trabalho de parto), vi que estava só, então, sem desespero, pois chamava por Deus, mas não conseguia fazer uma oração. Com calma, respirando, orei a Deus, implorei pela Sua misericórdia, que me desse força e coragem, pois não podia sozinha. Entrei num estado de entrega, dormência, não sei se posso dizer resignação, sempre com uma esperança que tudo ia dar certo. E, quando as dores vinham eu respirava e rezava. O médico que me deixou ficar lá, voltou, cheguei perto dele e pedi que fizesse algo por mim, ele disse que era assim mesmo, foi a frase que mais ouvi. Sentei novamente, e ninguém me reavaliava, já tinham passado mais de duas horas, algumas enfermeiras mostraram preocupação, levou meu prontuário para a médica grossa, não me atendeu, mandou passar para os mais jovens, e questionou novamente por que não fui para o outro hospital. Veio um dos jovens, a enfermeira entregou para ele o prontuário, disse que o outro médico ia atender, estava bravo, acredito que aconteceu algo lá dentro, o que não justifica. O outro médico jovem veio pisando forte também, bravo, começou a chamar quem estava esperando, e não me chamava, Até que a médica, jovem e gentil, que me reavaliou primeiro, chegou, me viu e chamou (quatro horas depois), mesmo quadro (um cm de dilatação), em posse da receita do meu médico do pré-natal, disse que já era dia 17, que ia pedir a internação.

Fui levada para o quarto, meu marido estava me esperando lá (única coisa que condiz com parto humanizado, pode ter acompanhante, mas não enquanto está na emergência). Não veio ninguém, nem enfermeira, nem médico. Tomei banho sozinha, coloquei uma camisola que tinha levado, deitei, não tinha o que por para o sangramento, dormi com o vestido que estava usando entre as pernas. Senti dores o resto da madrugada, já não estavam tão fortes. Pela manhã senti que havia algo errado, já não sentia minha filha mexer tanto, a barriga estranha, e as dores não eram mais como antes, a barriga não contraia mais, só cólicas, e o sangramento aumentou. Tomei banho, vestido que estava entre as pernas com bastante sangue. Fiquei esperando, veio uma enfermeira mediu a minha pressão e disse que a médica passaria para me examinar. Falei para ela minha preocupação e para a médica quando veio. Eles não escutavam. Vieram monitorar os batimentos do bebê, fiquei sem saber se havia algo errado, veio uma, tirou o papel, tipo eco, levou, voltaram e colocaram novamente, fiquei sem saber se era problema no aparelho ou se ali já tinham constatado algum problema com Clara. Fui examinada (só quatro cm de dilatação). Falou que eu ia para a sala do pré-parto, fiquei um pouco aliviada, achei que iam fazer meu parto.

Sala de pré-parto, cada mulher fica em uma suíte para ter o bebê com direito a acompanhante (mas, ficam sozinhas, sem profissionais, escutei muitas mulheres gritando, por causa do efeito do soro, que aumenta as dores, e ouvi umas duas gritando que estava nascendo, e vi as enfermeiras correndo). Bem, quando cheguei nessa suíte, prepararam tudo, me arrumaram, e fiquei ali, minha mãe chegou, se espantou em me encontrar calma, na verdade, achou que eu estava triste, me contou depois, eu estava esperando, me mantive calma, educada, fiquei com medo de fazer escândalo e ser deixada mais ainda de lado, estava a mercê desses profissionais, hoje me pergunto se não teriam feito o parto no dia anterior se tivéssemos gritado, não vou saber nunca. Neste quarto, cada hora era um para me examinar, não sabia mais quem era médico ou não. Até que veio o mesmo de ontem (que não quis me atender e passou para o outro), queria que eu tomasse o soro (ocitocina sintética), recusei-me, li sobre, é o que torna o parto mais doloroso e não garante nada, mas o motivo principal da recusa foi porque estava exausta, e com o sentimento de que tinha algo errado com minha filha e que algo também aconteceria comigo, estava com medo. Ele saiu. Fiquei ali desde manhã, tomei uns três banhos quentes, troquei três fraldas com sangue. E sempre questionando sobre o sangramento, e falando que minha filha não estava mexendo como de costume. É assim mesmo, era o que ouvia. Perguntei qual era o critério para fazer a cesariana, só se tivesse algum risco. E sobre o sangramento cheguei a ouvir que só seria hemorragia se estivesse escorrendo pelas pernas.

Vi uma médica com mais idade no balcão, meu quarto era em frente e podia circular pelo local, tinha um salão em frente também com equipamentos, poltronas, etc (para as mães relaxarem exercitarem, dentro dos moldes de parto humanizado, ou seja, a infraestrutura era adequada, mas só isso não basta, o principal não tinha), enfim, comecei a questionar a enfermeira, propositalmente, sobre o sangramento, falei das dores não serem mais como contrações, etc. A médica perguntou algo e a enfermeira falou que as contrações estavam irregulares (quantas vezes falei que não estava mais com contrações, que eram só cólicas. Eu não estudei medicina, e essa era a minha primeira experiência, mas, quando começam as contrações, a tendência seria aumentar e não cessarem. Ou não? Só sei que esse foi um dos motivos para eu achar que algo estava errado.)  Fui para o quarto, as cólicas voltaram (eram cólicas tipo menstruais, passavam rápido) essa médica foi me ver, perguntou porque eu não quis tomar o soro, falei o porque, escutou o bebê e viu que estava acima do normal os batimentos. Explicou-me sobre a ocitocina, mesmo sabendo que a mesma não condizia com o parto humanizado e com medo de algo ruim acontecer comigo e com minha filha, aceitei, ela disse que tentaria estourar a bolsa, mas antes pediu para mais uma vez monitorar os batimentos da Clara. Meu marido perguntou a enfermeira que estava monitorando o equipamento se devia se preocupar, ela falou que não. Veio outra médica com mais idade também, olhou o papel, perguntou se eu estava bem, fiz com a mão que mais ou menos, estava quase que adormecendo, estranha, meio anestesiada. Ela saiu, nesse momento falei para o meu marido "se os batimentos da nossa filha está acelerado e com as contrações aceleram mais, se eu tomasse o soro, isso não seria ruim?". A médica voltou, tinha conversado com a que constatou que estava acima do normal os batimentos, e decidiram por não me dar o soro e fazer a cesárea. Falei o mesmo que disse para o meu marido e ela concordou, dizendo por isso da cesárea. Perguntou que horas que tinha comido pela última vez, disse que desde o almoço do dia anterior, que só tinha bebido um copo de suco 12h, e um pouco de água (fiquei o tempo todo com o sentimento que teria que ser parto cesárea e me preveni), mesmo assim, me deu mais três horas e meia para jejum, isso já eram quase 15h. Plantão trocou às 19h, e eu ainda ali, veio uma enfermeira do novo plantão, escutou o bebê e falou com todas as letras que o bebê estava em sofrimento, nesse mesmo momento a médica que constatou que os batimentos estavam acelerados chegou para me buscar, falando que estava me esperando e ninguém me levou, já ia dar 20h. Fui para a sala de cirurgia, equipe tranquila, anestesista gentil, conversou comigo e fiz de tudo para me manter calma, ele disse que nem parecia que era a primeira vez que eu fazia uma cirurgia, então falei, "estou me mantendo calma porque quero que tudo corra bem", e dentro de mim aquela sensação, de medo de não estar tudo bem com minha filha.

A médica perguntou o nome dela, disse "Clara", então ela disse, "Clara está chegando", mas Clara não chorou, só deu um gemidinho, e já correram com ela para reanimar, do meu lado. Mesmo assim, ainda estava calma, pedindo a Deus, a Nossa Senhora, que tudo ficasse bem. Algo que me incomodou foi que enquanto tentavam reanimá-la, conversavam, assuntos corriqueiros, como se nada estivesse acontecendo, como se eu não estivesse ali, vendo a minha filha morrer. Perguntei o que estava acontecendo, o anestesista falou que ela estava com dificuldades de respirar, perguntou se eu havia feito ultra, falei que sim, ele se colocava na minha frente para evitar que eu os visse tentando salvar Clara, levaram para a UI. Lembro-me de ter ouvido a médica falando que não sabia que era tão grave. O anestesista veio, acarinhou meu rosto e falou para confiar em Deus, que a pediatra viria falar comigo depois, que agora a prioridade era a Clara. Fiquei ali com as enfermeiras, eu deitada sem sentir parte do corpo, esperando elas arrumarem tudo, aí vieram me arrumar, ninguém veio falar comigo. Mesmo assim ainda tentava manter a esperança de que ela, Clara, tinha conseguido. Levaram-me para a sala de recuperação. Eduardo (meu marido) veio, perguntei "ela não resistiu?", ele disse que não, chorei muito, chegaram em seguida as médicas que fizeram a cirurgia e assistente social. A pediatra disse que fez o possível, a médica disse que ela aspirou mecônio, as fezes. Falou que podíamos perguntar qualquer coisa. Eduardo falou "foi erro médico", ela disse que não e perguntou por que ele achava isso, e começou a dar explicações, fiquei chateada, porque no meio dessa explicação ela me lembrou da minha recusa pela ocitocina, senti a intenção dela de por a culpa em mim, não tive forças para responder. E isso até agora mexe comigo.

Bem, minha filha nasceu às 20:16h e veio a óbito 69 minutos depois, porque entrou em sofrimento e evacuou dentro de mim, por não saberem, fizeram o parto sem precauções, e ela aspirou as fezes. Não precisa ser médico, para saber que foi erro deles.

É tudo muito estranho, ainda tive que ficar lá dois dias, estava "equilibrada", sentimento confuso, parecia um pesadelo, conversei com a psicóloga, a assistente social me orientou para fazer a solicitação dos prontuários. Vou por na justiça, sei que nada vai trazer minha filha de volta, mas, não quero que outras mulheres passem por isso. Meu caso não foi isolado, enquanto estive lá, outras situações graves aconteceram. Não tenho o desejo de fechar o hospital ou que os médicos percam seus registros, mas, que as coisas sejam esclarecidas, que os responsáveis respondam pelos seus erros e quero “derrubar” esse conceito de parto humanizado na rede pública, porque é só mais um nome para dizer que está fazendo bonito, os profissionais não estão preparados, e quando não é algo natural de cada um, ser solidário, se por no lugar do outro, ter humanidade, caímos nessa cultura do serviço público de que estamos ali de favor, e acaba seguindo esse rumo que acabei de descrever. Então, que deem pelo menos um atendimento eficaz, atendendo a necessidade de cada mulher, de seu organismo.

Quero ser justa, a médica que me operou, não foi ruim comigo, a equipe foi boa, mas ela errou, deu um diagnóstico com base no que achava, achou que não era tão grave, como escrevi antes. Não foi feito ultrassom, não tinha médico para fazer. Só fizeram o CTG (o exame que faz o monitoramento dos batimentos do bebê). Era para levar em consideração que minha filha estava em sofrimento a partir do momento que foi constatado que seus batimentos estavam acelerados. E, nesse caso, é feito o parto cesárea, e não é só porque penso assim, escutei o mesmo da médica que me deu alta. Acredito que eles nem podem dizer em que momento minha filha entrou em sofrimento. Nunca vou saber em que momento meu parto deveria ser feito para que nada disso acontecesse. Mas, acredito que se fosse feito no sábado, quando começaram as contrações e eu não evoluía para as dilatações, minha filha estaria aqui comigo e bem, porque ela estava saudável, perfeita.

Sou a favor do parto natural e quando humanizado melhor ainda, mas cada organismo é um organismo, às vezes o parto por meio da cesárea é necessário e este pode ser feito com humanidade também.



Daiana Leão Nascimento


Foto tirada na manhã do dia
 16/07/2016.

Mitos sobre indicação de cesariana

Olá mamães!
O aumento do número de cesarianas desnecessárias foi tão alarmante que se tornou necessário medidas para reduzir a quantidade das mulheres que optam por esse tipo de parto. Porém algumas das vezes o próprio profissional encoraja as mulheres a este caminho, seja por facilidade, tempo ou dinheiro e as crenças populares que são de maior influência. É importante que a mulher esteja emponderada sobre o próprio corpo e existem vários mitos que dificultam isso. Vamos desmitificar alguns?

Mito 1:. Circular de cordão é indicativo de cesárea


 O filho de fulano nasceu roxo porque o cordão estava enrolado no pescoço. Quem nunca ouviu esta célebre frase? Nada a ver mamãe, o seu bebê não respira ar dentro da sua barriga. As trocas gasosas acontecem através do próprio cordão. Saiba também que um dos primeiros brinquedos dele, é o cordão, ele até aperta com as mãozinhas e não é prejudicado por isso. 
 Então NÃO ACREDITE, circular de cordão não é indicativo de cesárea. Desenrola esse cordão aí!



Mito 2:. Medo da dor


 Não quero parir normal porque sou muito sensível a dor. Mamães, cesariana dói e dói muito! É um procedimento cirúrgico, e que te engana pela anestesia. O pós parto é o terror! Pense que deste corte sairá um neném totalmente dependente de você que também estará debilitada. Sem contar com o corte, a cicatriz pequena por fora e enorme por dentro. 
 O parto normal é uma dor que seu corpo  está programado para suportar. Força! Você consegue!



Mito 3:. "Bacia estreita"
 Não posso parir normal pois minha bacia é estreita, não tenho passagem.
Você sabia que precisa-se de 10 cm de dilatação para passagem do neném? E que esse valor é igual para toda mulher? E que o crânio do seu bebê por enquanto é feito de ossos soltos que se moldam para passar no canal de parto?
Então NÃO ESCUTE e NÃO DESANIME do parto normal por isso.

 Seu corpo tem potencial para um parto natural, confie em você e em seu corpo! Você pode sim.
 E se tiver outros mitos que você gostaria de saber, entra em contato com a gente. Espero ter ajudado e ajudar. beijos!

Por Vanessa Campos



 

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