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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Relato de Parto: Andressa Cunha

Olá pessoal.

Talvez falar da minha experiência pessoal de parto seja umas das coisas mais difíceis. Não, não tive cesárea. Meu parto foi normal, sem episio. Mas não foi como gostaria, não curti meu trabalho de parto, estava assutada, sem apoio.

Eu e o pai da minha filha (ou melhor, genitor, pois pai é quem cria) estávamos brigados, não nos falávamos haviam 2 meses, quando ela nasceu. Eu queria sempre o parto normal, minha mãe pariu 4 filhos, minha irmã 3, minha avó 13, e minha bisa era parteira, então na família tinha apoio total, mas ele achava que quem decidia era o médico, eu tinha que aceitar e pronto. Como não nos falávamos mais, opinião dele importa, né? Mas ele havia pedido para ligar quando entrasse em trabalho de parto, queria estar perto (eu moro no litoral de SC, ele morava em Curitiba, umas 3 horas com estrada boa).

Estava bem o domingo todo, contrações de treinamento. Fui dormir. Lá pela 1:30, comecei a sentir dores. Pareciam cólicas menstruais, começavam na lombar iam para frente. Já tinha lido que era trabalho de parto. Até então, não tinha tanto conhecimento e empoderamento, mas sabia que poderia demorar. Tomei banho para relaxar, caminhava pela casa. Umas 5:00 saiu o tampão, pensei: ok, está indo. Chamei meus pais, pois o hospital aqui, só na cidade vizinha, 30 km Chamamos meu irmão, pois meu pai não dirigia na BR nervoso. Minha mãe, apesar de 4 partos normais, 1 pélvico, ficou bastante nervosa também, não me ajudou muito. Céus, se eu tivesse o entendimento que tenho hoje, teria contratado uma doula, que falta me fez!!!!

Fomos para o hospital, BR, calor de outubro, carro sem ar, dores... não foi confortável rs. Chegando lá, como seria tudo pelo SUS, demora para fazer a papelada, eu tentado ligar para o genitor, nada de atender. Fui atendida lá pelas 6:30, estava com 1 cm de dilatação, lá vamos de volta pra casa (minha sorte nº 1, se fosse plano, estava no soro e ferrada!!!).

Ok, voltamos.... fui baiar e assistir o primeiro episódio da 3ª temporada de The Walking Death (o que o vício faz....). E estava bem, caminhando... lá pelas 8:00 consegui ligar para o genitor, disse que já estava saindo de Curitiba, para esperar em casa que ele me levava para o hospital....E fui, esperando até 12:30, dores aumentando, contrações a cada 3 min, ligando para a criatura: "Tá onde?" -"Passei no escritório, já tou saindo daqui." Isso que às 8:00 tava saindo...

Lá pelas 13:00, não aguentando mais, pedi para meus pais me levarem no Pronto Atendimento, o PS municipal. Fomos. Chegando lá, a médica foi fazer toque: 8 cm de dilatação. Ok, me deixaram quieta, mandaram deixa de lado e respirar com calma enquanto chamavam a ambulância dos bombeiros, pois a da prefeitura estava em um atendimento. Chegou a ambulância (eu já com medo que ela nascesse no meio do caminho, apesar dos bombeiros aqui já terem uma boa experiência com partos, em função dessa distância, de eu mesma já ter sido socorrista voluntária e conhecer a guarnição que me levou, o que gerou um episódio cômico e tirou um pouco a tensão). Fomos, minha mãe comigo, meu pai resolveu ir atrás de carro (e eu com medo por ele, que já com 68 anos, vários problemas de saúde, pegar BR!!). E o genitor....ainda não tinha saído de Curitiba...

Chegamos no hospital umas 14:15. Fomos com sirene ligara, maior emoção!!! Eu amava a sirene, antes disso kkkk! Quando estava na porta do centro obstétrico, na maca, estoura a bolsa. Como tinha mecônio, foi aquela correria. Me levaram pra dentro rapidinho. Fui pra sala de pré-parto primeiro, a obstetra me levou andando até a sala de parto, uns 40 metros. Eu xinguei aquela baixinha, mas hoje agradeço kkk (aliás, eu nunca consegui saber o nome da equipe, se você ler isso e trabalha na Maternidade do Hospital Marieta, em Itajaí, SC, me mande um recado!!!).

Quando cheguei na sala de parto, estava bem assustada com tudo o que tinha passado. Faltou uma mão para segurar, alguém para me tranquilizar. Minha mãe não entrou, e não teria ajudado muito, pois estava mais nervosa do que eu. O parto foi muito rápido, fiz umas 3 forças e ela nasceu, sem episio. Veio direto pro meu colo, berrando muito, e assim ficou no meu colo até cortarem o cordão, depois foi levada para os procedimentos, que hoje eu não teria permitido, mas estava meio grogue, em função de tanta adrenalina.

Fomos para o quarto juntas, logo tomei banho sozinha, jantei. consegui falar com o genitor eram umas 17:00, ela nasceu às 15:00, ele estava a caminho... chegou mas duas horas depois. Se dependesse dele, teria parido em casa. Aliás, era especialista em me deixar sozinha, deixou a gravidez toda mesmo, sempre cheio de desculpas...bem, deixa pra lá.

Pois é, essa é minha história. Meu parto normal foi um conjunto de sorte e instinto, mas senti medo, me senti sozinha. Por isso hoje brigo tanto pela humanização, e sempre bato na tecla da doula: a presença de alguém preparado para o trabalho de parto, que te acalme, é fundamental!!!

Nossa primeira foto juntas 


Por Andressa Cunha, bióloga, professora do ensino médio e autora do blog Mamãe Ácida
 

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