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quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Relato de Marisa - Mãe de Leo, nascido em fevereiro de 2013 no Hosp Sao Luiz - Unidade Analia Franco

Gostaria sim, de compartilhar o meu momento com outras pessoas.

Durante a gravidez, procurei muitas informações sobre o parto humanizado, normal e natural que a princípio se misturavam na minha cabeça.

Aos poucos, fui percebendo que precisava ter uma introspecção e saber quais eram meus reais medos, desejos e limites e teria que abraçar com todo o meu ser a resposta que viria... mesmo que fosse algo em que a mente não concordasse... mas parei tudo e busquei uma resposta mais íntima.

E, cheguei à conclusão que estava sim disposta ao parto normal humanizado, mas também, gostaria de ter um anestesista à disposição, pois eu não sabia se precisaria ou não do procedimento e como meu corpo iria acontecer no momento.

Por isso, a minha escolha foi pelo parto humanizado hospitalar.

Embora, para mim fosse um caminho natural, encontrei muitos obstáculos, medos, preocupações na família. E vários confrontos foram vividos. O que só me fortaleceu na minha escolha, mas tb me estressou bastante.

Em cada consulta ia a um médico diferente e além dos cesaristas, uma médica disse que faria o normal e descreveu o parto frank e debochou do parto natural, disse que qq coisa já emendava a cesária e tals e saí do consultório horrorizada. Dali fui pra um evento social e só no dia seguinte consegui digerir as informações e tinha finalmente compreendido: precisava de um médico humanizado!

A dificuldade de encontrar em SP um médico que faça parto normal humanizado hospitalar que atenda por convênio é gigante!

Mas achamos o Dr. Alberto Guimarães e gostamos bastante. Já era dezembro qdo fomos a ele e meu filho nasceu em fevereiro.

Na primeira consulta ele já me alertou que viajaria em fevereiro, só 1 semana - mas que pelas contas daria tempo dele fazer o parto..

Bom..seguimos com ele até o big day...

No big day, minha bolsa estourou de madrugada e ligamos para doula, que nos orientou a descansar e tb que eu tomasse bastante líquido.

Infelizmente, para mim a doula tão querida por outras pessoas não funcionou igual...,e o médico estava viajando..fato esse avisado com antecedência, mas esperávamos que fosse diferente...

Não senti contração até umas 15h e por precaução e falta de doula fomos ao Hospital ouvir os batimentos cardíacos e tals e ver se estava tudo bem..

Estava tudo bem e retornamos pra casa (a enfermeira ligou para nossa médica indicada pelo Dr Alberto e que foi muito atenciosa e carinhosa e explicou que seria um parto normal e me autorizou a retornar pra casa).

Em casa, por volta das 18h comecei a sentir as primeiras ondas..e as 19h começou a diminuir o intervalo entre elas e fomos ao hospital novamente (doula por tel, cumprindo sua agenda do dia e seus compromissos).

Cheguei ao hospital um pouco antes das 20h e passei por um pré atendimento, e ouvimos os batimentos e um exame de toque horroroso foi feito.

Dai fui pra sala de parto normal.

A partir daí, foi como eu queria muito e imaginava.

A luz baixa, a bola de pilates - minha grande companheira da partolândia.

Ingressamos na sala eu e meu marido.

A doula chegou depois, me encontrou na bola e a primeira coisa que ela perguntou foi se meu marido tinha o recarregador de celular pq a bateria dela estava esgotando (!)

A massagem nas costas que a doula fez aliviava bastante e foi o melhor que consigo lembrar da presença dela.

O tempo foi passando e chegou aquele momento do expulsivo e que eu não tinha plena consciência naquele momento. Precisava de ajuda. Fiquei travada e sentia que já estava na hora de nascer mas eu não conseguia relaxar o suficiente..foi aí que pedi pra entrar na banheira..a banheira nesse momento não me ajudou em nada..e eu já estava com 10cm de dilatação e sentindo que era a hora, mas nada (!)

Embora a médica tenha sido maravilhosa, tenho certeza que não tinha a vivência de parto normal como o Dr. Alberto que estava ausente, e a doula que se apresentou como obstetriz na primeira consulta, não me sugeriu nada .. nada mesmo, nem que pudesse ajudar ou atrapalhar.. e seu currículo não me ajudou naquele momento..

Foi aí, que pedi a anestesia..

O anestesista foi super hiper cuidadoso, me deixou sentada e aplicou o que foi o combinado: só para aliviar as contrações um pouco...

A partir daí, não foi muito legal..mas foi rápido..

Estava em posição ginecológica na maca e um médico presente fez a manobra Kristeller, a médica me perguntou se era sem episiotomia e eu confirmei e ela respeitou e assim nasceu meu filhote.

A enfermeira do hospital segurou minha mão e me deu uma força incrível para esses momentos finais.

A Rosa Maria, que já tinha acabado seu plantao mas ficou lá, pq naquele dia era seu aniversário e achou tudo aquilo especial..e não houve desapontamento..meu filho nasceu as 23:57 ..

Uma experiência intensa e que em alguns pontos gostaria que tivesse sido diferente.

Ah com o bebê em casa, recebi um contado in box da doula cobrando a outra metade da sua verba e disse que conversaria com o médico e foi o que fiz, e expus o que achava justo.

Graças a Deus tudo correu bem..tive laceração leve que nunca senti nada..., e o parto foi normal.

Disso tudo, pude perceber como os imprevistos acontecem e como é difícil o sistema a qual estamos expostas, tanto cultural quanto médico.

Minha vontade sincera, é que as mulheres REALMENTE pudessem fazer suas escolhas..pq cesária ou parto em casa, me parece que tem uma gama de mulheres que ficam sem poder viver o que realmente gostariam de escolher, com a dignidade e respeito que teriam eu um parto todo particular vivido em casa.


Talvez a melhor opção hoje em dia, seja o parto domiciliar, mas também, por falta de um lugar próprio para nascimento com a visão humanizada e com estrutura necessária.

Por Marisa Rosa Ribeiro, São Paulo - SP

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